Por Stacey Qiao Com um poema intitulado «Crossing Half of China to Fuck You», Yu Xiuhua 余秀華 tornou-se uma celebridade instantânea em 2014. O poema fala explicitamente sobre sexo e sobre o desejo da escritora: «I penetrate a hail of bullets to fuck you/I press countless dark nights into one dawn to fuck you/I, as many, run as … Continuar a ler
Category Archives: Crítica
Viajar de olhos abertos
Por Hélder Beja No texto «Mensagens de Toda a Parte», que abre Lugares Distantes, Andrew Solomon começa por abordar a sua condição de judeu, recordando uma história de quando tinha sete anos, uma viagem de carro em pediu ao pai que lhe explicasse o que tinha acontecido durante a II Guerra Mundial. Naquele momento, confrontado pela … Continuar a ler
Um recipiente onde guardar a memória
Por Stacey Qiao Nascido em 1982 numa pequena cidade costeira na província chinesa de Fujian, Cai Chongda 蔡崇達 é um escritor reconhecido do grande público, não apenas pelos seus textos, mas igualmente pela actividade mediática e empresarial que tem vindo a desenvolver. Ainda na escola secundária, Cai ganhou o primeiro prémio no Concurso de Escrita New Concept, … Continuar a ler
Laços e desmandos no embalo do medronho
Por Sara Figueiredo Costa Arriscando um balanço da vaga de “novos escritores” que há cerca de uma década, década e meia, ocuparam as páginas literárias dos jornais portugueses, dir-se-ia que Sandro William Junqueira parece não ter beneficiado do impacto que outros autores colheram nesse interesse colectivo da imprensa e do público. Não é que não … Continuar a ler
Palimpsesto libanês
Por Sara Figueiredo Costa Há muito que Alexandra Lucas Coelho publica livros que não se arrumam em prateleiras certas sem dar luta. E mesmo depois da luta, só se arrumam porque o gesto não depende tanto dos livros como de quem, por imposição bibliográfica ou comercial, precisa de os ordenar debaixo de alguma etiqueta. Líbano, Labirinto, o seu … Continuar a ler
Um tempo à procura do seu homem
por Hélder Beja O Homem do Casaco Vermelho, obra mais recente de Julian Barnes, é um trabalho de não-ficção em volta de um ilustre desconhecido do grande público: Samuel Pozzi (1846-1918), ser belo e engenhoso que atravessou o final do século XIX e uma parte do XX, médico ginecologista brilhante e pioneiro, membro da burguesia … Continuar a ler
A crónica como literatura de primeira água
Por Sara Figueiredo Costa A palavra latina de onde “crónica” nos chegou remetia para a ideia de um registo cronológico dos acontecimentos e foi essa acepção que se manteve durante séculos, chegando aos grandes cronistas portugueses como Fernão Lopes ou Gomes Eanes de Zurara. E invocar os cronistas desse período não é apenas gastar caracteres: … Continuar a ler
A vida como ela foi
Por Hélder Beja Escrever a biografia de alguém será sempre – usando uma expressão bem lisboeta e um lugar-comum de que todo o bom escritor foge a sete pés – um exercício ingrato de tentar meter o Rossio na Rua da Betesga. Tanto mais assim quando o homem em causa teve existência longa (para a … Continuar a ler
Dizer outra coisa
Por Ana Paula Dias A coletânea de poesia intitulada em português pedaços a preto e branco (ch. 黑白的拼圖, ing. bits of black and white), uma edição trilingue da Associação de Estórias de Macau, editada em Março de 2021, da autoria de 夏簷 (pseudónimo), consiste numa compilação de trinta e quatro poemas originalmente escritos em chinês, vertidos para português pelo próprio autor … Continuar a ler
A utopia como viagem
Por Hélder Beja «A minha grande curiosidade era saber que sonhos sonham os asiáticos.» A frase do escritor Paulo Moura, na nota que abre o livro Cidades do Sol, resume a ideia com que o também repórter partiu para esta expedição, ou ao menos para parte dela. Moura quis conhecer os grandes centros urbanos da Ásia (apesar … Continuar a ler